sábado, 16 de abril de 2016

A Educação, um Vazio no Espaço.

A sociedade muitas vezes não quer falar, mas, é impossível... mais uma campanha eleitoral está aí e a coisa fica complicada quando o assunto é Educação. Lembrando: a presidenta prometeu construir 6 mil creches e pré-escolas no Brasil no governo dela. De onde saiu esse número? Que impacto isso teria se acontecesse? Pensando em um país que tem 5.565 municípios, alguns com mais de 10 milhões de habitantes, muitos com mais de um milhão de habitantes e outros com mesmo de 30 mil habitantes que é o caso do nosso município, segundo os números isso dá, mais ou menos, 1 creche ou pré-escola por município. Qual o impacto de uma creche em São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte, por exemplo? Em comparação a de um município pequeno, geralmente a maioria das crianças chegam de barriga vazia e são recepcionados com suco e biscoitos na manhã, no almoço e no lanche da tarde. Bem, é claro que pra vida daquele guri que tiver a sorte de estar lá - isso se a tal creche funcionar direito - o impacto é muito grande. Mas, pra sociedade como um todo, a coisa é insignificante pra ser uma promessa de campanha de alguns políticos! Aí ela (presidenta) promete construir uma escola técnica federal em todos os municípios com população acima de 50 mil habitantes ou cidades polo entre grupos de cidades pequenas. O que isso daria? Segundo dados que tirei do IBGE, o Brasil tem 4.866 municípios abaixo de 50 mil habitantes.  Subtraindo o valor do total de municípios brasileiros, temos 699 municípios elegíveis a ganhar uma nova escola técnica federal. Levemos em consideração que existem, hoje, por volta de 280 instituições desse tipo no país e estariam sendo prometidos cerca 400 novos institutos em 4 anos, isso sem falar dos institutos das cidades polo. Podemos pensar em 500 novas instituições, pra falar por baixo. Quase o dobro do que existe hoje em novas instituições. Hoje, os institutos tecnológicos existentes já encontram problemas para a contratação de pessoal qualificado e tem baixado suas exigências de qualificação para preencher quadros de professores. Como serão preenchidas as vagas de professores de mais 500 institutos? Mais: embora, se possível fosse, essa coisa tenha a pretensão de formar a meninada oriunda do ensino fundamental, as ações do fundamental não são tocadas (e os níveis de evasão ainda são monstruosos nessa fase!), além de que 32% da população brasileira (aquela dos pequenos municípios) continuariam, na prática, sem acesso à formação técnica e tecnológica e ainda quando surge algum recurso extra o  gestor investe em outras áreas (bolso).

No entanto, fica a pergunta: de onde saem esses números? Num caso, são visivelmente insuficientes; em outro, aparentemente exorbitantes. Saem do mais absoluto vazio existente na cabeça dessa gente. Esses caras-de-pau ficam prometendo números e mais números, com a intenção explícita de criar admiração, espanto até, mas não é assim que a coisa precisa ser feita. O Brasil precisa de um planejamento educacional de longo prazo, feito por uma equipe absolutamente competente e que esse planejamento seja debaixo para cima, ou seja, dos municípios para o distrito federal tendo por base pesquisa de setores onde a educação vem dando certo, afinal, somos um país de copiadores. Ao invés de prometer números, um candidato buscasse entender pelo menos um pouquinho da complexidade dos três níveis sistêmicos da educação brasileira, prometeria uma rápida, eficiente e incisiva avaliação da coisa, a construção de um planejamento via lei federal para o prazo a ser discutido com a sociedade, pelo menos, ia ter consolidação da educação brasileira em função desse planejamento com a participação social. Qualquer pessoa minimamente séria que entrasse lá teria que começar pelo diagnóstico e pelo planejamento, sem números prévios na cabeça! Mas, diante de uma população carente de conhecimento os números fazem a diferença

Eu, que como, bebo e respiro educação há 15 anos, desde que entrei no curso de Magistério, tenho assistido assustadíssimo as baboseiras que se tem falado na TV. A Dilma e os números que saem do vazio sombrio da mente de algum marqueteiro de campanha. A oposição, por sua vez, prometendo um céu sem estrelas! Foram criados cursos à torta e à direita, vagas foram ampliadas na marra, sem qualquer compromisso com qualidade e sem vínculo com estrutura logística e ainda em alguns municípios estuda quem for apadrinhado por alguém ligado ao gestor. Percebo um novo Brasil em cima do nada. Mas, até agora, não vi nada concreto, real e factível sobre:

a. a educação no campo, um problema realmente sério neste país!
b. o ensino fundamental, nosso verdadeiro “calcanhar de Aquiles”:  Precisa ser integral e de qualidade mesmo! Até a merenda escolar falta.
c. o piso salarial dos professores da Educação Básica, ridículo como está, precisa ser reavaliado e modificado! Nada de pré-sal. etc.

Portanto, são essas coisas, que são reais, que afetam de verdade a vida dos professores e dos alunos, que não precisam de números inventados pra impressionar, que demandam diagnóstico, planejamento e diálogo com quem entende do assunto, sobre elas não se ouve nada, não se fala nada, não se promete nada. Ou seja: ao que parece, esses caras não entendem nem o que estão fazendo lá. São como um bando de sanguessugas grudadas num animal que caiu no rio, eles (políticos) seguem locos pelo poder, de ações tão inconscientes, que acaba uma sanguessuga sugando a outra e esquecendo o determinado animal que venha a cair no rio... Como brasileiro, nordestino que sou: ESTAMOS NO MATO E SEM CACHORRO, EDUCADORES! Ainda, estamos na teoria de: QUEM NÃO TEM O CÃO CAÇA COM GATO... Qual será o “menos pior”? como será nossas escolhas? Que Deus nos acuda!       

Luiz Vieira da Silva
Professor/Pedagogo/Psicopedagogo
Crédito: Reprodução/Google Imagens
Imagem: Ilustração/Google Imagens

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A Redação - 11/01/2017

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